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27 de abr. de 2011

Crowdfunding: o incentivo coletivo



Em 2011 chegou ao Brasil uma alternativa às tão batidas leis de incentivo e editais de patrocínio.

Cada vez mais nós, agentes culturais, percebemos as dificuldades de conseguir captação nos moldes tradicionais: apresentações e mais apresentações a investidores, reuniões, parcerias, apoios e, muitas vezes, pouco resultado. A pergunta é se essas plataformas serão muito mais do que virtuais e se vão cumprir seu papel de aceleradoras nesse processo de inovação em rede.

Partindo do principio de que o coletivo faz a força, esse tipo de plataforma entende que se cada um que acredita em determinado projeto faz a sua parte, ele acontece, sem ter que depender do investimento de grandes empresas para tal.

O funcionamento é simples: o autor da ideia cria o projeto, apresenta sua proposta em uma plataforma online, diz o dinheiro necessário para concretizá-lo e busca incentivadores; ou seja, pessoas que acreditem nele e em suas ideias.

Se a quantia recebida chegar a, no mínimo, 100% da meta no prazo estipulado, o dinheiro acumulado vai para o autor, o site fica com uma comissão – em geral, 5%, e há recompensas para os que se motivaram, como DVDs, fotos, ingressos, jantares etc. Mas se a meta não for atingida, o dinheiro volta para quem incentivou – em alguns casos, não em espécie, mas em forma de crédito para investir em outros projetos.

O que faz as coisas acontecerem aqui é o quão envolvidas as pessoas ficam com o projeto, o quanto a paixão por uma causa pode mover pessoas, multidões. Nesse meio dos planos colaborativos ganha quem tiver, além de uma ótima e envolvente ideia, uma comunidade maior e mais participativa.

Isso não significa que seja mais fácil ou mais difícil do que os moldes tradicionais, afinal, ter uma ideia sensacional, que mova muitas pessoas, também não é algo tão simples. Mas acredito que seja uma outra forma de viabilização, uma alternativa, que depende, de fato, muito mais de quem tem a ideia, do que dos tão burocráticos “Q.uem I.ndique” desse meio de patrocínios.

A grande diferença, também, é que a mobilização tem sido usada para que pessoas físicas possam proporcionar a criação artística. É muito mais do que patrocinar projetos, é mover pessoas: pessoas de verdade, que tem idéias, sentimentos, causas, que se envolvem, e ajudam como e quanto podem, que acreditam em uma ideia, e não um plano de negócios do marketing cultural de uma determinada empresa.

“O grande ponto do crowdfunding é que existe uma troca de valor, não é simplesmente uma doação.” - afirma Diego Reeberg, um dos criadores do Catarse.me.

Em poucos meses, do início do ano para cá, projetos como Catarse, Multidão (que agora trabalham juntos), Incentivador, Movere.me, Motiva.me (que está fora do ar), o Queremos e o Senso Incomum surgiram nesse cenário. Coincidência? Acredito que foi uma necessidade coletiva de fazer acontecer, que levou a pesquisas de alternativas, e acabou por trazer um mesmo tipo de insight nos colaboradores dessas plataformas.

Apesar de parecidos, cada um deles tem a sua própria individualidade, o seu diferencial. Ficou interessado? Pesquise e explore cada um para saber qual o que mais se encaixa ao seu objetivo.

O pessoal do Movere colocou uma lista bem interessante sobre os principais motivos do porquê incentivar coletivamente:

* Contribuir para a realização de coisas que você já gosta;
* Surpreender-se com autores e ações que nunca ouviu falar;
* Ter experiências que nunca imaginou possíveis e deixar a vida mais divertida;
* Ganhar recompensas únicas de pessoas que admira ou tem identificação;
* Se aproximar de autores, projetos e trazer para si um pouco dessa inspiração;
* Ter o poder de decisão. Sua participação tem peso, valor e afeta pessoas.
* Mais projetos no Brasil: mais circulação de ideias e dinheiro. Você move o país!


Alguns artistas conhecidos já estão envolvidos nessa, como Raul Seixas, com o documentário "Raul: o início, o fim e o meio", e o Sururu na Roda, para a gravação do seu próximo CD, homenageando Nelson Cavaquinho: http://movere.me/exibeProjeto.do?id=3

Assista ao vídeo que saiu essa semana na Globo.com sobre o crowdfunding:



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