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23 de jun. de 2010

Um pouco de Produção Cultural na Era Digital

Entenda um pouco mais de como a cultura está ganhando espaço para se propagar e difundir no meio digital.

Não vou, aqui, me estender sobre o que é cultura digital e de como isso se desenvolve, pois muito é discutido e falado sobre isso e não é essa a questão de hoje. Vou apenas resumir o conceito de Cultura Digital, usando aquele definido no Seminário Internacional de Diversidade Cultural, pelos pesquisadores e ativistas Bianca Santana e Sergio Amadeu da Silveira:

“Reunindo ciência e cultura, antes separadas pela dinâmica das sociedades industriais, centrada na digitalização crescente de toda a produção simbólica da humanidade, forjada na elação ambivalente entre o espaço e o ciberespaço, na alta velocidade das redes informacionais, no ideal de interatividade e de liberdade recombinante, nas práticas de simulação, na obra inacabada e em inteligências coletivas, a cultura digital é uma realidade de uma mudança de era. Como toda mudança, seu sentido está em disputa, sua aparência caótica não pode esconder seu sistema, mas seus processos, cada vez mais auto-organizados e emergentes, horizontais, formados como descontinuidades articuladas, podem ser assumidos pelas comunidades locais, em seu caminho de virtualização, para ampliar sua fala, seus costumes e seus interesses. A cultura digital é a cultura da contemporaneidade”.

Tendo isso em vista, vim aqui falar de como isso modifica, especificamente, o meio da produção cultural hoje, e o que tem sido feito para aprimorar a difusão e a produção de arte e cultura a partir daí.

A internet é uma grande ferramenta para a difusão de cultura, se usada de forma adequada. O maior exemplo que temos disso é no meio musical. Hoje em dia é muito fácil de se chegar a uma música que se gosta, poder tê-la em seu computador, ou escutá-la online. Existem diversas ferramentas de difusão para isso, cada vez mais músicos encontram maneiras de espalhar sua arte por aí, principalmente através das mídias sociais, como myspace, blogs, fotologs, videologs, twitter, facebook, etc.

A partir daí e do desenvolvimento das tecnologias, ficou cada vez mais fácil, também, de se produzir e divulgar videoclipes. Uma banda independente consegue gravar um clipe, mesmo que ainda amador, e mostrar seu trabalho em mais espaços, atingir mais pessoas, trocar mais pelas redes. Além disso ainda há quem grave suas próprias versões de clipes já conhecidos (o que se chama de spoofs), e os próprios grandes artistas conseguem, hoje, ter seus vídeos muitos mais vistos graças a essas novas ferramentas, principalmente o youtube. Recomendo o trabalho do site Clipestesia, que discute a questão dos videoclipes de forma bem mais abrangente e profunda do que se pensa sobre ele por ai.

Essa difusão também modificou o cenário dos filmes, principalmente dos curtas-metragens, que, agora, tem maior visibilidade e diversos canais dedicados a eles. O mais conhecido é o porta-curtas, da Petrobras.

Gosto muito também de como a literatura se desenvolve nesse meio. Textos e mais textos são publicados diariamente em diversos blogs pessoais, seja poesia, crônica ou conto, os escritores encontraram formas de se expressar e aparecer para o mundo antes mesmo de publicarem livros. Tem dois blogs que conheço e que fazem um ótimo papel na difusão dos novos escritores, de textos interessantes, etc: http://o-bule.blogspot.com e http://www.napontadoslapis.com.br. Recomendo, também, um perfil de twitter muito interessante, que posta micro-contos, mini-histórias escritas em até 140 caracteres, o @microcontos. Ele acompanha um site, o http://microcontos.com.br . O twitteratura faz algo no mesmo estilo: http://www.twitteratura.blogspot.com. Apesar de ser um blog, seus textos tem até 140 caracteres.

Nas artes visuais o mesmo acontece com muita facilidade, afinal, não há formato mais fácil de se divulgar virtualmente do que a imagem. Fotografias, quadros, esculturas...todo o conhecimento passa a chegar ao expectador de forma muito mais rápida e gratuita. Hoje é quase impossível conhecer um artista plástico que não tenha um portfólio virtual, ou, ao menos, um canal online, como um site ou um blog.

Ok, observando o descrito acima tudo nos parece normal: artes visuais, música, audiovisual, literatura...isso tudo é fácil de se divulgar virtualmente.

Agora, você já parou para pensar se existe algum canal, dentro desse conceito de cultura digital, que propague as artes cênicas? Essa foi a novidade de 2010 que mais me chamou atenção nesse meio. O portal “Cennarium”, lançado esse ano, propõe a exibição de peças teatrais brasileiras para ter um alcance muito maior. Elas são exibidas online, a um custo muito baixo, democratizando e difundindo a cultura de forma muito mais ampla. Atualmente o site está sendo reformulado, mas dá para entender seu funcionamento através de suas redes sociais: @cennarium, formspring.me/cennarium, blog.cennarium.com.

Muito se discute sobre o assunto, principalmente a questão da formação de público (inclusive eles já responderam sobre isso em seu formspring). Mas o fato é que a produção teatral, hoje, é muito cara ao se considerar a renda média brasileira, além de estar concentrada nas capitais da região sudeste. O portal propõe uma difusão de longo alcance, possibilitando pessoas que não tem as opções em suas cidades, de “ir ao teatro”.

Acredito que cada vez mais ações desses tipos irão acontecer, a tendência é só aumentar. A parte mais difícil da cultura digital é filtrar o conhecimento e chegar até determinada fonte quando não se sabe que ela existe.

Por isso proponho nos comentários desse post que você colabore com alguma iniciativa cultural virtual que considere interessante aos leitores, como eu acabo de compartilhar acima as que eu mais gosto.

Até a próxima ;)

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