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6 de abr. de 2010

Chuva, poética chuva.

E depois da noite de ontem e do dia de hoje no Rio de Janeiro, vim aqui expressar os sentimentos sobre a chuva, através de uma poesia da minha amiga Mariana Galvão

CHUVA
Por Mariana Galvão



Gosto de sentir a chuva.

Encanta-me o seu pingar sutil
Que muito se assemelha
Ao entrelaçar de mãos.

Gosto de ouvir a chuva
De barulho leve
Pingo na telha
Ou de trovões
Arrepio na alma.

Gosto de prová-la
Gosto de sal
Meio saudade
Em parte, nostalgia.

Gosto de olhar a sua queda
Por vezes calma
Já outras, ansiosa pela chegada.
Mesmo sabendo
Que tal queda é,
De todo modo,
Ininterrupta.
Ela corre.

Na rua,
As pessoas se cobrem apressadas
Não querem que aquela coisa,
Gota molhada
Lhes toquem a pele
Seca, intocada.
A chuva tem algo de poesia
Em sua essência.
Não sei dizer se letrada
Ou imagética
Talvez, somente,
Sensível.

Sensibilidade refletida,
E tudo que nosso corpo insiste
no anti-sentir,
na chuva se faz impressão,
pressão
expressão.
Se faz pingo,
Raio,
Trovão.

..

Enquanto sobre ela escrevo,
Parece se recolher.
O céu- antes branco de nuvens
- naves de nervos-
Agora é azul,
Questão de segundos.
Para onde foste chuva de letras?
Foste apagada,
Ou não mais se deixaste ler?

Tudo impressão… a chuva voltou…
e voltou borrada… intensa…
assassina…
para onde foi sua poesia?
A chuva letrada virou vulto

meio seca
chuva - pasmada.

Um comentário:

  1. Bonito!
    Como algo pode ir da delicadeza à violência, né?
    Parabéns pelo blog! Acompanharei!
    Beijoos

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