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12 de mai. de 2010

Seminário da FGV discute política cultural

Semana passada aconteceu o Seminário: Brasil - França: Política e Gestão Cultural - Olhares Cruzados no auditório da Fundação Getúlio Vargas. Aberto e durante dois dias, o evento contou com sessões em "Política Cultural - Cenário Nacional e Internacional", "Cultura, Estado e Mercado", "Gestão Cultural Aplicada I" e "Gestão Cultural Aplicada II". Dentre os participantes, José Luiz Herencia (Secretário de Políticas Culturais e do MinC), Lia Calabre (FCRB), Marcos Mantoan (CCBB), além de palestrantes da FGV, da École Supérieure de Commerce de Paris e etc.

A dinâmica era de 20 (vinte) minutos para cada palestrante e no final abrir a perguntas e questionamentos dos ouvintes. Embora perceptível que o tempo não foi suficiente, foram examinados e discutidos alguns pontos de vista com relação à cultura no Brasil e na França, que serão delineados a seguir.

Cristina Lins, representante do IBGE, apresentou informações e indicadores culturais que foram possíveis através de convênio com o MinC. A pesquisa proporcionou um cadastro das empresas do setor cultural, divididos em áreas culturais, meios de comunicação, demanda, oferta, financiamento da cultura, gestão cultural, etc, dando uma maior dimensão socioeconômica da cultura. Embora pouco qualitativo, a análise já é um importante aporte quantitativo e aberto a consulta: clique aqui e saiba mais.

“Qual viés que vamos escolher para a diversidade cultural?”
Outro importante aspecto levantado foi da diversidade cultural como um direito. José Márcio Barros da UFMG iniciou sua palestra com a questão: “Até onde essa liberdade, proteção e promoção das expressões nos tornam únicos?” Suas palavras perpassaram exemplos como, o aumento dos carnavais enlatados, a banalização possibilitada pela simples reprodução de dias comemorativos, como o Dia do Índio. O palestrante delineou diversos pontos para afirmar que a diversidade cultural é a maneira como por meio da capacidade humana de ser diferente, o ser humano tenha a liberdade de ser diferente. A não necessidade de igualar, de imitar ou representar, apenas permitir as trocas e interagir a partir das nossas diferenças.

Para pensar mais sobre essa questão da diversidade, veja a apresentação do palestrante "Diversidade Cultural e Sociedade Civil" em pdf, clicando aqui

Lia Calabre diante do doutorado em História e especialização em Políticas culturais apresentou um breve histórico do setor político cultural, da implantação da Lei Rouanet, a reestruturação interna a partir da gestão de Gilberto Gil, as novas Secretarias e terminou com a nova lei de Fomento a Cultura - ProCultura

Além dessas reflexões, outras problemáticas foram colocadas na mesa: “Quem deve gerir a cultura?”, “O Estado democratiza a cultura?”, “Como deve ser feita a parceria público-privada?”, “Por que o privado patrocina?”.

Após o encaminhamento da mesa dos palestrantes brasileiros, a ESC de Paris iniciou suas palestras. Porém grande parte presa ao direito autoral, questão da pirataria, a discussão sobre o autor receber sua remuneração e o não limite da internet. Destinou-se pouco tempo para ampliar o debate sobre como trabalha o Ministério da Cultura, que na França é junto ao das Comunicações, o porquê da palavra “diversidade” ser pejorativa, a questão jurídica e fiscal, ou seja, concretizar melhor o título “reflexões para uma abordagem comparada”.

Ainda assim não há como negar que este seminário foi uma importante iniciativa da FGV. Conseguir unir durante dois dias importantes figuras da cultura, ampliar este debate a toda população de forma gratuita e com infraestrutura necessária é digno de reconhecimento e respeito.

Esse texto foi escrito por Regiane Barros (@Regibarros), que gerencia o blog Jacarepaguá Cultural.

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