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27 de mai. de 2010

Moda e Arte. Hein?

Em tempos de Fashion Rio começando, eu pergunto a vocês, caros leitores: já pararam para pensar que moda e artes visuais têm relações? Que moda pode ser considerada, muitas vezes, manifestação artística? Pois é.

Assim como o design e a arquitetura, a moda sofre certos preconceitos para ser entendida como tal. Hoje eu não vou me alongar muito sobre essa explicação, senão esse post vai virar continuação da minha monografia (se você tem interesse em saber mais, clique aqui).

Mas creio que vale explicar um pouquinho sobre moda conceitual. Sabe aquele desfile que você vê e pensa: QUEM usa isso? É disso que vou falar agora.

Existem muitas criações de moda que não foram feitas, necessariamente, para serem incorporadas no nosso dia-a-dia. É o que chamamos de moda conceitual: aquela que aparece nos desfiles com materiais exóticos, apresentadas através do espetáculo cênico do desfile, e muitas vezes quase impossíveis de serem usadas.

O surgimento desses tipos de peças faz com que os jovens estilistas comecem a investir numa moda-espetáculo, transformando os desfiles em grandes e surpreendentes performances. Criadores como Jean- Charles de Castelbajac, Thierry Mugler, Kenzo, Jean-Paul Gaultier, Claude Montana, entre outros, são encorajados a realizarem pesquisas cada vez mais arrojadas. Começa, assim, a produção de vestimentas-cênicas, impossíveis de portar. A moda conceitual nada mais é do que a arte contemporânea no mundo da moda.

Aparece nas coleções em que o conceito antecede o valor de uso e aparência. É também visivelmente ligada ao uso de novas plásticas, materiais, à tecnologia e às performances. Ela forma uma nova linguagem utilizada pelos estilistas para expressar criatividade, comunicar idéias, provocar questionamentos e convidar o espectador a refletir e sentir-se instigado, mesmo que nem sempre seja compreendido, e muitas vezes esta é a intenção.

Jum Nakao - A Costura do Invisível. Roupas feitas de papel para o SPFW 2004.

A moda tem, também, outros tipos de relações com a arte, principalmente pelo fato de muitos estilistas e trabalhos serem baseados em artistas plásticos ou em movimentos artísticos. É o caso da nova coleção de verão da Afghan, que trará o surrealismo à tona em suas peças.


Imagem do site http://www.modices.com.br

Então, da próxima vez que você vir algo de muito estranho em desfiles e exposições, não se assuste, é arte ;)

18 de mai. de 2010

Dia Internacional dos Museus

Hoje, dia 18 de maio, é o dia internacional do museu. E para comemorar essa data tão importante do meio cultural, trouxe uma parte da minha monografia, na qual coloco o museu dentro do atual contexto da produção cultural para, posteriormente, falar sobre dois museus portugueses voltados para a moda: Museu Nacional do Traje e MUDE - Museu do Design e da Moda.

(Imagem: Museu do Louvre, Paris)


"Os museus fazem parte do contexto da produção cultural e é uma de suas formas de atuação.
A “invenção” do museu, como conhecemos hoje, surge no século XIX e, na virada para o século seguinte, cresce em número e diversidade. As reflexões sobre seu estatuto e papel social começam a ganhar importância.

Seu modelo tradicional recolhe e abriga objetos, artefatos e obras da natureza e da cultura e os agrupa em coleções com o objetivo de expor. Esses objetos, essa memória está comprometida com as idéias e o contexto da época em que acontece.

Porém esse modelo já foi muito criticado e está em processo de transformação, pois coloca a coleção e o público como entidades separadas e distantes, cada uma com suas especificidades. A seleção e o isolamento de objetos, retirados de seu contexto dão origem a um patrimônio, levando o museu a ser um local de culto, aonde as pessoas vão para se apropriarem simbolicamente das obras da humanidade. Com esta postura o museu se torna o “espelho cultural” de poucos, preservando e tornando sagrada a cultura dominante da elite. Impõe a prática do culto e da contemplação e ignora o potencial de experimentação pelo sensível que a arte proporciona.

Isso muda a partir do século XX, quando Walter Benjamim vê na reprodução técnica uma idéia libertadora que favorece a substituição do valor de culto pelo valor da exposição. O valor de culto está presente desde os primórdios da existência do homem e se configura no sagrado, num mundo transcendente e inalcançável. Já o valor de exposição é uma nova forma de relação entre o homem e a obra, que vai predominar na modernidade, cujo contexto é o mundo real e não mais o mundo sagrado.

Se a arte procura mostrar o sensível mediante um artefato, o museu é o local onde este artefato deve ser exposto. Assim sendo, o museu deixa de ser um depósito de obras para adquirir a dupla função de arquivo e de exposição, tendo como função conservar experiências sensíveis com a finalidade de mostrá-las, tornando-se um prolongamento da arte, sendo o meio que irá proporcionar a relação sensível entre os artefatos expostos e o público. Só com a modernidade a obra de arte se mostrou por fim aquilo que era: uma pura apresentação do sensível."

Se quiser continuar a leitura, acesse o capítulo IV da monografia "Moda e Produção Cultural - A moda enquanto arte e cultura no mercado da produção cultural contemporânea", clicando aqui.

12 de mai. de 2010

Seminário da FGV discute política cultural

Semana passada aconteceu o Seminário: Brasil - França: Política e Gestão Cultural - Olhares Cruzados no auditório da Fundação Getúlio Vargas. Aberto e durante dois dias, o evento contou com sessões em "Política Cultural - Cenário Nacional e Internacional", "Cultura, Estado e Mercado", "Gestão Cultural Aplicada I" e "Gestão Cultural Aplicada II". Dentre os participantes, José Luiz Herencia (Secretário de Políticas Culturais e do MinC), Lia Calabre (FCRB), Marcos Mantoan (CCBB), além de palestrantes da FGV, da École Supérieure de Commerce de Paris e etc.

A dinâmica era de 20 (vinte) minutos para cada palestrante e no final abrir a perguntas e questionamentos dos ouvintes. Embora perceptível que o tempo não foi suficiente, foram examinados e discutidos alguns pontos de vista com relação à cultura no Brasil e na França, que serão delineados a seguir.

Cristina Lins, representante do IBGE, apresentou informações e indicadores culturais que foram possíveis através de convênio com o MinC. A pesquisa proporcionou um cadastro das empresas do setor cultural, divididos em áreas culturais, meios de comunicação, demanda, oferta, financiamento da cultura, gestão cultural, etc, dando uma maior dimensão socioeconômica da cultura. Embora pouco qualitativo, a análise já é um importante aporte quantitativo e aberto a consulta: clique aqui e saiba mais.

“Qual viés que vamos escolher para a diversidade cultural?”
Outro importante aspecto levantado foi da diversidade cultural como um direito. José Márcio Barros da UFMG iniciou sua palestra com a questão: “Até onde essa liberdade, proteção e promoção das expressões nos tornam únicos?” Suas palavras perpassaram exemplos como, o aumento dos carnavais enlatados, a banalização possibilitada pela simples reprodução de dias comemorativos, como o Dia do Índio. O palestrante delineou diversos pontos para afirmar que a diversidade cultural é a maneira como por meio da capacidade humana de ser diferente, o ser humano tenha a liberdade de ser diferente. A não necessidade de igualar, de imitar ou representar, apenas permitir as trocas e interagir a partir das nossas diferenças.

Para pensar mais sobre essa questão da diversidade, veja a apresentação do palestrante "Diversidade Cultural e Sociedade Civil" em pdf, clicando aqui

Lia Calabre diante do doutorado em História e especialização em Políticas culturais apresentou um breve histórico do setor político cultural, da implantação da Lei Rouanet, a reestruturação interna a partir da gestão de Gilberto Gil, as novas Secretarias e terminou com a nova lei de Fomento a Cultura - ProCultura

Além dessas reflexões, outras problemáticas foram colocadas na mesa: “Quem deve gerir a cultura?”, “O Estado democratiza a cultura?”, “Como deve ser feita a parceria público-privada?”, “Por que o privado patrocina?”.

Após o encaminhamento da mesa dos palestrantes brasileiros, a ESC de Paris iniciou suas palestras. Porém grande parte presa ao direito autoral, questão da pirataria, a discussão sobre o autor receber sua remuneração e o não limite da internet. Destinou-se pouco tempo para ampliar o debate sobre como trabalha o Ministério da Cultura, que na França é junto ao das Comunicações, o porquê da palavra “diversidade” ser pejorativa, a questão jurídica e fiscal, ou seja, concretizar melhor o título “reflexões para uma abordagem comparada”.

Ainda assim não há como negar que este seminário foi uma importante iniciativa da FGV. Conseguir unir durante dois dias importantes figuras da cultura, ampliar este debate a toda população de forma gratuita e com infraestrutura necessária é digno de reconhecimento e respeito.

Esse texto foi escrito por Regiane Barros (@Regibarros), que gerencia o blog Jacarepaguá Cultural.

10 de mai. de 2010

Editais com prazos até maio de 2010

Segue, abaixo, uma lista com os principais editais de fomento à cultura, cujos prazos encerram nesse mês. Fiquem atentos às datas e boa sorte!

Até 14/05
- Funarte seleciona projetos de ocupação para seus espaços cênicos

A Funarte está selecionando projetos de ocupação dos teatros Cacilda Becker e Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, e da Sala Carlos Miranda, da Sala Renée Gumiel e do Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo. Companhias, grupos e empresas de todo o Brasil podem enviar à Fundação suas propostas de programação para os espaços. Os selecionados receberão aporte financeiro de até R$ 80 mil. Ao todo, dez proponentes serão contemplados.

Mais informações aqui


Até 21/05 - III Festival Paulínia de Cinema


O III Festival Paulínia de Cinema acontece no período de 15 a 22 de julho e distribuirá um total de R$ 650 mil em prêmios. O evento é uma realização da Secretaria de Cultura do Município de Paulínia. A programação do festival terá longas e curtas em 35mm ou digital, mostras paralelas, encontros, cursos, debates, seminários, homenagens, exposições, lançamentos de catálogos, livros, vídeos e DVDs, solenidades de abertura, de premiação e de encerramento.

Mais informações aqui



Até 24/05- Edital Difusão e Circulação de Espetáculos de Teatro - SP


A Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo selecionará projetos de Difusão e circulação de Espetáculos de Teatro. Serão selecionados 22 projetos divididos em 02 módulos: MÓDULO 01: 16 (dezesseis) prêmios de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) cada; MÓDULO 02: 06 (seis) prêmios de R$70.000,00 (setenta mil reais) cada. O valor máximo de apoio aos projetos selecionados neste Concurso será de R$1.220.000,00 (um milhão e duzentos e vinte mil reais). O prazo de inscrição vai do dia de 30 de março 2010 até o dia 24 de maio de 2010, nos dias úteis, das 10 às 12 horas e das 13 às 17 horas.

Leia o edital aqui


Até 31/05 - Concursos da SID/MinC

Divulgado no dia 16 de abril, o lançamento de três novas seleções públicas voltadas para a promoção da diversidade e da identidade cultural brasileira: Prêmio Cultura Hip Hop 2010 – Edição Preto Ghóez, Prêmio Culturas Ciganas 2010 e Prêmio Inclusão Cultural da Pessoa Idosa 2010 – Edição Inezita Barroso. A premiação para a Cultura Hip Hop é inédita e fará uma homenagem ao rapper Preto Ghóez, falecido em 2004. Já os concursos para Inclusão Cultural da Pessoa Idosa, que destaca a artista Inezita Barroso, e o de Culturas Ciganas tiveram edições anteriores, as quais receberam um grande número de inscrições.

Confira os editais dos concursos:
Prêmio Cultura Hip Hop - Inscrições até 12 de julho
Prêmio Culturas Ciganas - Inscrições até 12 de julho
Prêmio Inclusão Cultural da Pessoa Idosa - Inscrições até 31 de maio

Mais informações aqui.


EDITAIS DO MINISTÉRIO DA CULTURA

2 de mai. de 2010

O que são Pontos de Cultura?

Muitas pessoas não sabem ou não entendem muito bem o que são os famosos Pontos de Cultura. Resolvi, então, criar um post para explicar melhor o que são essas iniciativas.

Pontos de Cultura são iniciativas desenvolvidas pela sociedade civil, que foram contempladas pelo programa Cultura Viva, por meio de seleção de editais públicos, e ficam responsáveis por articular e impulsionar as ações que já existem nas comunidades. Não têm um modelo único, nem de instalações físicas, nem de programação ou atividade. Um aspecto comum a todos é a transversalidade da cultura e a gestão compartilhada entre poder público e a comunidade.

O papel do Ministério da Cultura, nessa parceria, é o de agregar recursos e novas capacidades a projetos e instalações já existentes: oferece equipamentos que amplifiquem as possibilidades do fazer artístico e recursos para uma ação contínua junto às comunidades. Diante do desenvolvimento do Programa, o MinC decidiu criar mecanismos de articulação entre os diversos Pontos, as Redes de Pontos de Cultura e os Pontões de Cultura.

O mais interessante dessas atividades, na minha opinião, é justamente fomentar e incentivar aquilo que já existe, ações voltadas para a sociedade, espalhadas pelo Brasil inteiro, e, muitas vezes, em regiões com poucas opções culturais, não só para espectadores, mas, principalmente, para quem quer fazer e criar. Hoje já são mais de 1000 pontos espalhados pelo país unindo arte, cultura e educação. Confira o mapa da rede.

Leia mais sobre o assunto no post sobre Pontos de Cultura do blog Trezentos.

Fonte: http://www.cultura.gov.br/cultura_viva